Mote quebrado.
0) Mudança de estilo
1) À beira do mar
1) À beira do mar
2) Na
coleta do lixo
3)
No Google
4) Na
forma apresentada
5) Na
agricultura
6) No Dia
dos Mortos
7) No
aeroporto
8)
Unicidade
9)
Rotineiro
10) Diversidade
11) Pela Bíblia
12) Construções ao alto
0) Mudança de estilo
0) Mudança de estilo
Já
escrevi complicado,
invertendo
a posição
dos
termos da oração:
o
sujeito, o predicado...
usei nome
rebuscado,
que era
substituível:
grafei
"verossímil (crível)",
em vez de
"acreditável".
Mas já
fiz texto agradável
com a
linguagem acessível.
1) À beira do mar
O meu
verso é muito simples:
qualquer
um pode cantar.
Está na
areia da praia,
na espuma
branca do mar,
na
estátua de Iracema¹,
na
varinha de pescar;
no
balanço da canoa,
no
canoeiro a remar;
na beleza
da jangada,
no navio
que atracar².
Jogo a
rima na maré,
ela volta a
me banhar.
¹Monumento alusivo à personagem indígena Iracema, do romance (mesmo nome) de José de Alencar, existente na Praia de Iracema, em Fortaleza.
¹Monumento alusivo à personagem indígena Iracema, do romance (mesmo nome) de José de Alencar, existente na Praia de Iracema, em Fortaleza.
²Termo de
marinha: aproximar (embarcação) de ou encostar a (cais, outra embarcação),
amarrando devidamente. Exs.: o oficial de serviço vai atracar o navio, atracar
o navio ao cais do porto (HOUAISS).
2) Na coleta do lixo
De tão
fácil que é meu verso,
qualquer
um pode aprender.
Tiro do
saco de lixo,
da
vassoura que varrer,
do
canteiro da avenida,
do gari
que aparecer;
do
sucateiro que passa,
do papel
que ele colher;
da pista
fria e molhada,
da barata
que correr.
Jogo a
rima ao vento brando,
ela volta a
me envolver.
3) No Google, na Internet
Meu verso
é fácil demais.
Qualquer
um sabe curtir.
Está no
meu blog-site,
na tela
que se abrir,
na
palavra zap-zap¹,
na
postagem que sumir;
no espaço
incomensurável
que
a Internet cobrir,
na nota
"abaixo da crítica"²,
no
“ibope”³ que subir.
Jogo a
rima aqui, no Google,
ela volta a
me atrair.
¹Já virou
hábito chamar o WhatsApp de Zap Zap, o qual se tornou mais um aplicativo de
mensagens instantâneas desenvolvido no Brasil. Disponível para Android e
para uso no PC (ver no Google).
²abaixo
da crítica — repleto de defeitos; inaproveitável, lamentável. Ex.:
comportamento abaixo da crítica. Ex.: um livro abaixo da c.
³ibope —
no sentido de opinião pública; termo adaptado da sigla do Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE ou Ibope).
4) Na forma apresentada
Meu verso
é muito comum,
faço na
ordem direta.
Evito
inversão dos termos,
a linha é
curta e completa,
uma
criança decora,
a outra
faz a coleta;
o
jovem não o distrata,
o
adulto bem interpreta,
o
idoso não o estranha,
o
leitor não engaveta.
Jogo a
rima para o Público,
ela volta ao
"seu poeta".
5) Na agricultura
Meu verso
é do agricultor,
na
plantação natural:
na
colheita da lavoura,
na flor
do algodoal,
na espiga
de milho verde,
nas
palhas do arrozal,
no pé de
feijão maduro,
no cheiro
do cafezal,
no rio
que sobe a cerca
com a
enchente fluvial.
Jogo a
rima no roçado,
ela volta ao
meu bornal*.
*Sacola
de pano, couro, ou de outro material, com alça longa, usado geralmente a
tiracolo para se carregar provisão, ferramenta, etc.; em sentido aqui figurado,
"bornal de versos".
6) No Dia dos Mortos
Meu verso
vem dos finados
em
repouso sepulcral.
Vem dos
meus antepassados
em
lampejo espiritual;
dos
"campos-santos"¹ velados,
da honra
fúnebre campal;
dos
rostos lacrimejados
na oração
musical,
da "salva de tiros"² dados
quando
exige o funeral.
Jogo a
rima aos sepultados,
ela volta ao
meu ritual³.
¹Cemitérios.
²Alusão
aos 21 tiros no sepultamento de militar.
³Ritual
de versos.
7) No aeroporto
Meu verso
é da aviação,
mas não é
de pilotagem.
É o
controle do avião:
pouso,
voo e decolagem;
níveis de
separação,
rota,
carta e plotagem;
relâmpago
com trovão,
vento,
chuva e estiagem;
ordem da
administração
que
impede¹ a decolagem.
Jogo a
rima no plantão,
ela volta: é outra
viagem².
¹Impede
ou libera a decolagem.
²Outro
voo de avião; no sentido figurado aqui, "viagem de versos".
8)
Unicidade: um tema de cada vez
Singular
e penetrante,
meu verso
concentra um fato:
só a
pedra do diamante,
só o
conforto do sapato,
só a
pressa do viajante
dentro do
avião a jato;
só a pose
do arrogante
sem
alimento nem prato;
ou o pai
com o filho distante,
contemplando
o seu retrato.
Jogo a
rima a um tema adiante,
ela volta ao
caso nato.
9) Rotineiro
Meu verso
é cotidiano,
mais que a
rotina diária:
na água
que sai do cano
ao claro
da luminária,
na
costura de algum pano
por uma
ação voluntária;
na bolsa
que, por engano,
ficou na
rodoviária;
no dia,
no mês, no ano,
no peso
da carga horária.
Jogo a
rima em outro plano,
ela volta a
sua área.
10) Diversidade
É muito
simples meu verso,
mais que o
nome de Maria:
como quem
sabe e confia
no
assunto que eu converso;
o botão
solto e disperso
que se
arranca da camisa,
o freio
que amortiza
um carro
na ligeireza.
Nem
orgulho, nem proeza.
Se vejo
por outro prisma,
jogo a
rima ao sofisma,
ela volta à
singeleza.
Estrofe
que se refere à pessoa do Bloguista.
Nota. Esse
poema tem uma forma supostamente inovada, que este Autor escreveu, a fim de
criar um possível estilo de composição poética. São 12 versos em 4 estrofes,
sendo a primeira introdutória, duas com desenvolvimento e a quarta, conclusiva
(aqui foi "mote quebrado", mas não precisa ser mote).
Tem ainda
certo grau de boa-vaidade (presunção de boa intenção).
11) Pela Bíblia
Verso voltado é o meu —
que fala em Adão e Eva,
na luz acesa e na treva;
na ajuda de Cirineu¹,
que a Jesus, ele deu;
já falei na cruz de Cristo,
no martírio a que eu resisto;
a Dor não me desfigura...
Jogo a rima na Escritura,
ela volta ao meu registo*.
¹Ajudou Jesus a carregar a cuz.
*É o mesmo que registro.
*É o mesmo que registro.
12) Construções ao alto
Tenho a alma de poeta,
a escrita do autor;
a mente de um bloguista,
a caneta do escritor;
o caderno de aprendiz,
o espírito de revisor;
a frase de aforista,
a linha de esteticista,
a veia de prosador.
a veia de prosador.
Tenho as minhas constuções,
jogo a rima aos pavilhões,
ela volta ao construtor.
jogo a rima aos pavilhões,
ela volta ao construtor.